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Poema com o Cu

 

O que eu quero mesmo é fazer um poema com o Cu

Sim que é a boca que fala, mas poema se faz com o corpo todo

Poderia ser com os joelhos, cotovelos, mas hoje eu quero um poema feito com o Cu

 

Estou farta de poemas feitos com a alma

Poemas feitos com coração partido são de matar!

 

Quero mesmo é um poema de um Cu bem arrombado, que guarda em suas pregas

memórias, histórias e saudades que se peida todo só de lembrar.

Quero saber o que tem para dizer um Cu experiente e também Cus que nada deixam entrar.

Quero ouvir poemas feitos com os Cus porque Cus são muitos. Basta de histórias erguidas com paus.

Forjadas com cacetes. Tampouco quero ouvir outra coisa, senão o Cu.

 

O que diria um Cu resistente, um Cu guardado para presente, cantigas de ninar? Cartas de amor romântico?

Um cu tocado diariamente de modo automático. Dele sairiam poesias melancólicas, letras para bossa nova talvez?

“A triste saga da mão que passa e não afaga”!

E o Cu aberto para o mundo, penetrado, frequentado, laceado. O que teria ele para dizer?

Um Cu erudito,  conhecedor de tantas línguas, um Cu popular, dedilhado, ao alcance de qualquer mão.

Um Cu apertado seria um Cu freudiano, retido em lembranças infantis: reuniões de família?

Almoços natalinos? Talvez esse fosse um Cu de poucas palavras.

 

Um poema feito com o Cu. Sem assinatura. Sem autoria declarada. Um poema de experiência, de existência.

Manifestação. Resistência. Um poema de convocação, de invocação de transgressão.

Enfim, não precisa ser um poema, pode ser um conto, uma crônica, tanto faz.

Melhor ainda: eu quero mesmo é ouvir um Cu que não se importa com gênero literário.

Cor verde
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